As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Ralo

Escondi por um tempo e você não sabe como essa angústia pesa. Você ri da minha cara como se não fosse nada. Sou nada para você. Minha filha diz um bem estar e um estar bem silencioso (inexistente). Não há diálogo então,  eu finjo que o nada é material.
Tudo está em ordem dentro de um buraco negro acho que estou pronta para deixá-lo ficar sob minha pele e derramar -me no ralo da pia da cozinha.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Pela noite

O que preciso, exatamente agora, são palavras que descrevam, digam -me exatamente o meu estado e como reagir. Isso deve vir de em mim.
Diga -me que "eu entendo essa necessidade de mudança,  entendo esse sua certeza diante da banalidade dos propósitos e do mundo. Isso poderia vir de você.
A luz que eu sigo, viria do festival da lua cheia e talvez, eu a acompanhe rio abaixo.
Porque preciso de noite. Velas. Lagrimas. Pingos reluzentes, são olhos! Olhos que brilham pelo fogo, lágrimas, beleza, pela noite.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Papilas

Essas cicatrizes são qualquer coisa de intermédio. Entendo o cosmos. Não o culpo. Não me revolto. Lembro daquela vez que senti o gosto pastoso de um cor -de -rosa bebê na ponta do lado esquerdo da língua. Meio azedo, meio pungente, mas a cor é tão recorrente quanto o cheiro daquela textura.
Ele não contou que poderíamos nos ver antes. Eu estuprei sua rotina. Vou guardar cada montanha de suor em meu calabouço.
Os arranha céus vão furar seus olhos.
A lua caiu em minhas papilas! Assim como seu sexo. Juízo. Dissolução. Devorada.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A gordura que não me amo

Talvez, nunca tenha sentido -me pior comigo.
Nunca me senti tão gorda, flácida, travada. E olha! Fiz 16 semana passada.
Sei que não estou enorme, entretanto, sinto -me obesa para meu tipo corporal e histórico esbelto. Perguntaram - me se acaso o meu tipo (como gosto de chamar, Marylin Monroe) fosse pregado pela mídia... e o fim da frase, já batida, cliché, vocês sabem. Não,  eu não tentaria me mudar. Estaria bem feliz, acomodada e exibida.
Até o namorado, logicamente,  gostaria mais de mim, de sair comigo. Ele não cobra nada (diretamente) às vezes, sinto -me culpada. Ele é lindo, definido, arranca olhares e suspiros por onde passa. Não preciso mentir. Já pensei em terminar por isso, por frequentemente, sentir -me imprópria. Sentir que ele merece alguém melhor, mais esforçada.
Comecei uma dieta, mas não tenho tempo para o exercício físico. Era magra, de forma que os nove quilos excedentes não se fazem notáveis, mesmo pelo hábito de não vestir nada rente ao corpo. Minhas amigas ainda me acham magra, "chapada", mas sei que não estou, e isso,  não posso esconder dele, que me vê despida.
Dói não ser o suficiente. Dói que ele não entenda que suas "brincadeiras saudáveis", mesmo que eu grite, não são saudáveis. Dói que eu não me ame como antes.
Maçã apodrecida.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Estômago

Quero vomitar todo esse planeta no meu estômago. Não quero mais zim. Quero vomitar esses gritos, enxotar a berros,  essas palavras sem nome. Engolidas? Não!  Elas foram absorvidas pelo sangue, odiada pelos rins e, viraram vapor no estômago. Formaram densa massa girando em círculos.  Tenho um sistema solar no estômago! Ele quer expandir explodir!
Quero que ele exploda expanda - me. Quero uma explosão em mim agora. Que comece pelo estômago.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Existir palavreado

Talvez Eu estivesse chorando se fosse outra. E essa outra,  em meu lugar, não tivesse aprendido tão fielmente a ser a Eu de hoje. Eu seria outra e a outra outras escolhas escolheria.
E eu escolhi ser a Eu desse horário,  e fiz todas as escolhas do minuto passado pensando que talvez virasse que Eu?
E de todas as Eus, essa ainda não é a favorita,  nem a definitiva. Definitivamente,  não há Eu definitiva. Definitivamente a Eu hoje, não serei a Eu de sempre para a eternidade. Nunca fui (ou serei) Eu. Não Eu, esta Eu tão Eu e não outra. E esta Eu tão translativa, rotativa, transitória nunca será Eu mesma, ou ela, pois quando souber o que é,  já não o será. A definição dura, até o momento que é interrompida pelo nome. E então,  não serei mais Eu, mas mais outra palavra. E a palavra se perde e dissolve quando me esqueço,  ou quando nos intervalos, de Eu em Eu, não existo.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Dentes de salmora

"É um ensaio, apenas". De frente para o piano, tudo era mais ameaçador. Era uma fera que a obrigava a dedilhar seus dentes. Fascínio. A sequência de acordes correta fazia arrepiar, às vezes, suar, molhar... enquanto via
borboletas e libélulas cerebrais saindo de seus estômagos. As libélulas dele buscavam seu molhado para germinar. As borboletas dela, à procura da melodia para escalar.
Era tudo um só buraco negro. E os dentes. E os dentes! E os dentes? Quem nos mastiga agora? Salmora insalubre.  Insalubre a solução. Salmora a chama. Salmora à chama.
Ilustração de Georgia Th

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Moralidade antinatural

Eu gosto. Sou um corpo.  Eu gosto.  E gosto de ser corpo. A moralidade tem medo de corpos. Eu sou um corpo. Não cheiro bem naturalmente (moralmente). Quero sexo na horas mais socialmente importunas. Gosto de ver um pênis ereto coberto com meu sangue. Acho bonito. Assim como o cheiro do seu suor.  E do meu. Somos animais eróticos. Imorais. Nojentos. (Só quando tentamos esconder a natureza por morais arcaicas,  inúteis,  repressivas) não há nojeira. Não existe moral.

domingo, 20 de novembro de 2016

Lunática fugitiva

Luna foge. Alguém segue Luna porque ela foge... está fugindo... está fugindo agora... Está fugindo agora! Porquê foge, Luna? (Ela não tem para onde ir! ) Para onde não vai, Luna? (Dizem que você é louca! ) Dizem que você é louca, Luna, é verdade?
Louca
Luna
Luna
Louca
Loucamente
Luna
Na
Luta
Pela
Lua (direito seu, de nome)
Louca
Luna
Lunática
quer a lua
onde não importa
esta merda de saúde mental
(onde não tem normal!)
onde eu sou um animal
e nós sabemos trivial
Porque por aqui, por aí,
essa sanidade
massante
doente,
doentia
ferozmente
ética
Me dói, me suga, murcha.
Vou -me embora pra Passárgada
Lá sou amigo do rei

Dedos e papilas

Eu não imagino essas cores fora de minhas papilas gustativas. Eu tinha o céu na ponta dos dedos. Ela me levou ao céu com os dedos e suas papilas guatativas. Quero um pouco de som e umas migalhas a mais.

Mastigando saliva, deglutindo pólvora

Explosão
Destruída
O mundo me devora
Aceite a dor de estômago
Plantas comem sol
E como um grão de pó de diamante,
flutuemos
neste mar de pólvora e saliva

Insuficiência cardíaca insuficiência respiratória

Vou perder você e não há nada que possa fazer. O que tenho não é suficiente, foi o que me disse. Você vai embora, entregar-se a uma provável morte certa. Não vou suportar isso.
Assim como não consigo imaginar o meu ser deixando o seu. Você disse que está perdido. E eu não tenho o mehor pra você. Nem o suficiente para te fazer ficar.
Ele disse que vai por nós. Por nós. E esse nós é tão incerto quanto a probabilidade de vida dele.
Eu o amei. Agora ele vai embora. "Por nós" ele disse.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Sonos estranhamente

Sei o motivo de meu quase encontro. Pacto.
Não é a felicidade. É o topor, a falta de si.  Não se sente o vazio porquê pôs uma parede de madeira, e você é um balão de hélio,  conectado a si,  apenas por uma linha.

Você não tem tanta experiência quanto eu em viver minha vida. O pacto que liberta da linha na madeira.

Eu tenho que ir, porque alguns sonos na minha cabeça dizem vozes estranhamente azuis.

domingo, 6 de novembro de 2016

Apodrecida

Sou meus pedaços que apodrecem
Só meus pedaços apodrecem
Apenas meus pedaços apodrecem
Não só meus pedaços que apodrecem
Apodrecendo
apodrecem
podres
os podres
da podridão
apodrecida
em.
Nós.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Verrugas de chapéu

Quando desci as escadas do porão de mim, achei um cartaz na parede "os dias de sapo acabaram. Está ouvindo os cavalos?". Gosto de verrugas.
Seu chapéu estava roxo quando eu tentei sinceramente,  mas agora, você só usa chapéus vermelhos, como quer ser levado a sério quando diz que não morreria por mim?

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Faltou pimenta

Naquele dia em que trancaram - me para fora de casa pela trigésima vez, eu devia ter -me vingado.
Ela, a suposta mãe pegou -me na escola, à pesar de eu sempre fazer o percurso sozinha, deixou -me na varanda trancou a porta, saiu, sem mais palavras.
Achei a chave da porta da frente. Eu devia ter deixado aqela porta aberta. Rezei para encontrar a chave, do contrário, teria quebrado aquela tão preciosíssima mansão.
Devia ter subido,  tomado meu banho, descido, deixado a porta escancarada, quebrado tudo ( lá fora, apenas), ter arrastado aquela mesa de mais de R$ 5000,00 para a piscina,  preparado uma mochila com comida, faca, álcool e isqueiro, saído ao som do alarme. Pego qualquer ônibus,  tacado fogo em qualquer merda. Era menor de idade. Estava louca. Todos diriam que foi um surto e culpariam também minha irregularidade com o remédio.
Essa é a única coisa da qual me arrependo. Até hoje.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Vodka em pedaços

Era calor e muitas gentes. Cheirava a pequi, poluição, suor, congestionamento.  Foi comprar nozes, gorgonzola, mel, uvas, noz moscada, canela, alho, gengibre. Passar no bar para a vodka.
Um, dois, três quatro cinco todos, os goles. Era para para a comida. Uma garrafa para a viagem.
Bêbado, bêbado, bêbado. Esqueceu o gás ligado. Não houve velório para que não se fizesse necessário encontrar os pedaços.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Orgia galática

Você gosta das estrelas assim. "Assim". Emprestavam sua eternidade ao momento. Eram gotas de água na pele da noite ensolarada. Ela gosta assim.
"Assim" ela disse e uma brisa soprou fria o suficiente. Apreciei seus mamilos enrijecerem -se. E uma leve garoa deu -me o pretexto de vê -la molhada. Tecido das roupas rente à pele. Aquela pele, que de quentura excessa, via  evaporar direto para minhas narinas seu cheiro, seu suor, como que cozida à vapor.
O universo é uma grande orgia. Todo aquele calor, indo ou vindo? Confusão, ninguém sabe. Ninguém sabe e eu não sabia nada além de desejo. Eu e o universo, essa imensa foda galática espirrando vida, gerando vida, calor, beleza. Desejo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Pão ao mundo

Ao mundo
aquela pede beleza
aquele espera compreensão
E a senhora?
Um pedaço de pão

Sentido liberdade à liberdade sem sentido

Andei pelas ruas
gentes definindo a liberdade.
E  cada um definia à sua forma.

E acharam sentido universal?
Acordei do pesadelo
e a realidade é quase utopia
não fosse tão real

A liberdade libertou -se
e é livre de sentido.

E explode?

O que quer que eu diga? As primeiras palavras que me veem à mente são sempre verdades. É inevitável. A culpa não é minha se você não desenvolveu tolerância a mim, à minha verdade, à sua nova realidade.
A culpa não é minha, nem cabe a mim o perdão, mas, a autorização. Sim, autorizo seu sumiço, sua explosão.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Nuvens nas preliminares

"Vai chover, só não sabemos quando." Ele disse logo após ocorrer -me o mesmo pensamento, à pesar do céu claro e de poucas nuvens.
Era um dos poucos momentos em que dava para esquecer que tinha nojo dele, quando dizia do tempo ou eu lembrava o quanto desenhava.
E na tarde do terceiro dia de espera, o tempo fechou. Era o início de Agosto, Julho fora poeirento. E o vento, como que ofendido, ameaçava -nos. Frio, forte. Quase um corpo palpável de carne e ossos. E não choveu.
O tempo estava como que deliciando -se nas preliminares. Adiando o gozo.
O dia seguinte amanheceu um tanto mais abafado. O vento já nos perdoara e agora era quente. Como um amante, exitou -nos à fúria e agora, mais romântico, prosseguia calmo e caloroso.
A penetração deu -se com uma pequena garoa, ainda de manhãzinha. O orgasmo da tempestade deve esperar. Eu nem o tempo queremos pressa

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Pronúncia

Abraços. Sensação de que estou perdendo minha juventude a troco de nada. Não quero falar. Quero sentir, correr a noite, acordar ainda muito louca, me perder num minúsculo lsd por horas, criar, correr, riscos, riscar, rabiscar. E tudo sem pronunciar uma explicação sequer, nenhuma saudação ou adeus, sem ter que dizer essa minha voz tão devastada.
Descobri que está nos genes esse negócio de desaparecer. Só dói quando respiro. Arranquei meus olhos do espelho. Isso faz com que odeie o próprio dia e envenene a semana inteira. Odeio quem sou, tudo que não sou e as indefinições.
Universo da minha destruição, cansado do mundo e enterrado em algum lugar onde não se pode cavar. "Você está ensopado de sol" Antes disso, eu já havia transado com a morte. Sou um peixe e preciso de um bote. "Quero me lambuzar de novo".

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Humidade

A poluição era a droga combinada com alguma infelicidade matinal. E o suicídio fora substituído pela vontade de comer hortaliças.
Então foi ao parque como em todo domingo abafado e de núvens. Olhou o relógio. O número de graus que fazia e o da casa amarela da esquina. Mentiu mais uma vez sobre a vida.
Comprou uma rosa. E um balão de gás hélio. E foi a casa dela. E o sangue empapava o carpete cinza. E voltou. E amarrou o balão na porta. E comeu a rosa como de costume. Detestava humidade.

E não quero mais amar

E não quero mais amar
Comer
Dormir
Ouvir
E pulsar
E esqentar
Agora eu só vou
Escutar
Mastigar
Degustar
Foder
Correr
Bater
Fugir?
Desaparecer!
Não vou morrer
Nem me deter
Nem descansar um cansaço que de tão incansável é o que inexiste. É um verbo e verbo não se cansa.
E eu não sou verbo e sou indefinido e não sou sujeito e nem característica.
Não sou eu nem o outro nem pilar nem ponte ou tédio.
Nem sou verbo, cor, ideia ou ar.
E sou o que ama
Come
Dorme
Ouve
Pulsa
Esqenta
e dói
e corrói
e fecha os olhos
e não chora porquê não sabe.
e eu não sei
e não sei se sei amar
e eu não quero mais amar
e
importar
doer
morrer
viver
derreter
apagar
morder
perder
esquecer
lembrar
corroer
e ser roído
porque dói
E eu?
E eu que sou apenas uma moça qualquer
Qualquer que não é nobre
ou moral
ou viva
ou bela
otimista
ensolarada
ou bronzeada,
penas encarniçada
Eu, abdico
E eu que sou eu
E sou fraca
e que não resiste
ao amor
ao
seu
amor
Eu,
abdico
do verbo que não sou e das características que jamais serei e do sujeito indefinido e das rochas e pilares e vulcões e constelações.
Eu só quero
e um eu
que saiba chorar
um pote de sorvete
no jantar
E
Não
Quero
Mais
Amar
!

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Comida estragada e hora certa

A entrada naquele dia fora bem definida pela insônia. Sua melhor companhia. Gostava de fidelidade. Fumou seus vários cigarros e entopiu -se de café. Sem querer, lambuzou -se com o luar na janela, porém, foi breve e sem maiores imprevistos. Estava desempregada e tinha toda a liberdade de escolher suas novas prisões e a melhor rotina de desenhos animados,  comida estragada e currículos jogados. Seu gato morrera e não tinha a menor ideia do que fazer com o cadáver.  Não tinha amigos, não precisava tomar banho ou sorrir nas horas certas.

terça-feira, 28 de junho de 2016

Assassinato imaginário

Você viu quando ela se sentou ao lado do violão e começou a comê -lo? Viu todas as notas crocantes que engoliu esta manhã? Será que ali seu plano já estava decidido?
Não. Você não viu nada,  ela te fez cego.  A verdade é que vim apenas comentar essa decisão dela de acabar conosco. Para onde iremos?  Há proteção? Lembrar -se -a de nós mais tarde? Continuaremos vivos e vagando? Como se dá a morte nossa, de seres imaginários? Chegou o fim. A morte real dos amigos imaginários.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Proibido olhar o céu

No centro da cidade, no ponto de ônibus e o céu está lindo. Atrevo -me a observá -lo.  Descaradamente esqueço a vida. Sou eu, o céu, a espera (dela não se esquece) e, oh! Não! Uma louca!
Está olhando o céu e as pessoas afastam -se. Imagine ser visto ao lado desta delinquente, louca, vulgar.
Ela olha o céu como se pudesse. "É proibido olhar o céu! "Gritam em suas mentes. Afastam -se. É louca. Pode ser contagioso.
Meu ônibus chega. Sou desperta do transe do céu divino. Olho em volta. Cinzas e estranhos olhares.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Lógico florescente e possível

Sentou -se. Saboreou uma vagarosa tragada de ar. Cheiro de rosas.  Um rio florescente flutuava à sua frente. "Não é possível". Tentou aproximar -se. Não se mexia. Como não? Não dá! Não dá. Músculos petrificados. Aquele rio era sua alma.
Estava num sonho? Era lógico e possível. Num lapso lembrou -se do jantar. Ocorreu -lhe a ideia de que poderia ter tido a comida envenenada. Era lógico e possível.
Tentavam contra sua vida? Paz? Era um susto? Uma pegadinha? Era azul florescente e florescia. Um pique - nique rodava lentamente em seu cérebro.
Nunca sentia -se na mesma sintonia dos demais humanos participantes. Como prendera -se naquele mundo particular? Como sair dele?
O rio secou -se. Podia mexer -se.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Balão de hélio

"Eu tenho uma porção de sentimentos que não têm nome. Entenda. Sinto demais. Eu sinto todas as palavras. Eu sinto pesoas. Sinto coisas sem palavras.

Sinto a tudo a todo minuto. "Sou de fases", te disse há tempos. Você escreveu " FASES, FASES, FASES, FASES, FASES, FASES, FASES, FASES, FASES, FASES... Não contei quantas vezes, e colocou num lugar onde todos pudessem ver. Às vezes, acho que me esqueço por um segundo e começo a voar.

Sou um balão de hélio,  você tem que segurar minha mão para não me perder no espaço sideral.

Entenda e não pergunte se é um voto de silêncio. Tenho milhares de demônios em mim. Tenho monstros horripilantes mas só um dá sentido a minha vida."

Achei isso tudo. Estava escrito. Senti sua falta. Sinto. Ela desapareceu. Não sei onde. Não vou procurar. Ela me pediu paz, "se um dia eu sumir, e vou, não me procure." Achei graça. Mas no fim, soltei sua mão e a perdi. No espaço sideral.

Não foi um voto de silêncio.

domingo, 19 de junho de 2016

Líquido e pegajoso

" É um belo dia". Ele dizia, e as palavras de sua voz pareciam -lhe estranhas e amigas. Como se o som tivesse personalidade própria e um velho amigo velho estivesse a sussurrar " É um belo dia."
Tinha razão.  O céu cinza e carregado,  quase tão cinza quanto seus olhos e cabelos. Nada mais carregados que sua alma. O vento frio soprava forte, invencível.  Ele amava todas aquelas manhãs. Faziam -lo querer a vida assim, como elas. Tiravam -no da cama antes do tempo, apenas para respirar.
Aquele céu maravilhoso deixava suas flores mais coloridas. "... belo dia..." e num instante,  lembrou -se que era quase tão velho quanto sua voz.
Sim, amigo!  Venha, vou levar -te para ver as crianças que brincam coloridas em meio ao cinza do entulho. "São quase como flores. Olhe, amigo, aquela flor vermelha brinca em meio a vida poluída já que ainda não cresceu. A mãe diz que está suja de lama, mas nós sabemos, a lama a faz pura."
Dias como aquele faziam noites agradáveis. Era uma pena estar de volta à casa. Tirou os sapatos. Abriu a porta. Entrou. Sentiu algo líquido e pegajuso entre os dedos do pé.  Uma pena não poder adiar a faxina ppr mais uma noite. Todos os dias estavam sendo agradáveis, mas todo aquele sangue começava a feder.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Encarniçar

Apenas os loucos e os ignorantes  não têm medo de mim. O paradoxo instala -se quando descubro -me temeroso, mas louco. Eu sou o portador da loucura que os insanos não veem. Ou veem? Uma menina de manicômio disse -me que os cães sentem o cheiro do medo "fede muito?" Perguntou. Não sei, estou gripado, respondi. Sou então um cão. Um desses miseráveis. Apenas os loucos fazem sentido. Sinto cheiro da hipocrisia e covardia. Isso fede, me da mais nojo de você. Sabia que é possível?
Porém, o medo, o medo tem cheiro de divertimento, quero mais, video -game, pega -pega, esconde -esconde. Isso assusta e encarniça -me. Não gosto da sensação de ser temido. Então, rodeio -me de loucos suportáveis,  gatos e amigos imaginários.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Chapéu

Os egos fazem silêncio a meia noite  porque a lua desmancha quando as sereias cantam. "Só quero sexo e algumas alucinações " dizia sempre que preocupava -me em perdê - la.

Não entendo do que sei. Devia ter posto o unicórnio de cabeça para baixo.  Minha irmãzinha colocou um chapéu de aniversário, o garoto ao lado disse que ela tinha chifres, a menina chorou e eu esclareci que era um unicórnio,  fui ignorada pois ela prefere ser uma princesa e chorar por seus chifres.

domingo, 1 de maio de 2016

Espelho

A informação deixava -a sem verbos. Sentiu o vermelho e viu que era muito. Estava frente a um espelho e limpava o sangue num livrinho de rezas. Era muito. Como cabia tanto sangue num corpo tão pequeno? O menor da casa, à exceção de Duffy, a pequenês da família. Tanto sangue! Então,  lembrou -se da dor e começou a senti -la. Tanta dor! Mãozinhas tão pequenas.

Viu no espelho que tinha sete anos e Duffy morrera atropelhada e machucara a perna num degrau da escada, estava fugindo. O papai. Quem era a mulher com ele no quarto de hóspedes? mamãe,  está doendo! "Mamãe está doendo" porquê não disse que papai não me queria mais? Eu vou ser uma boa menina.

Olhou o espelho. Estava mais velha, tinha uma cicatriz na perna e chorava e dizia o nome de alguém mas não entendia de quem. Então,  viu o gato de Chelshire. Fora envenenada. E aquele seu namorado? Sangue e agora um garoto chorando. Mamãe! Ela se aproximava e agora o garoto sumiu e ela acabara de receber uma informação. Lembrou -se daquela melhor amiga. Nua. Ela também.  Tocavam -se. Era bom. Seu primeiro trago. Que era essa informação? Não lembrava -se. O homem ainda estava por perto. Talvez devesse aproximar -se e pedir que repetisse a informação.  Chorava.  Porque? Aquela aliança em seu dedo...

Acordou. Num manicômio. Lembrou -se da informação. Enforcou -se dali a três dias.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Qualquer coisa de intermédio

Estou esquecido.  A única coisa que tenho já não sei se quero mais.  Estou esquecido, em algum lugar que não consigo enxergar. A verdade é que minha alma sempre se perde em si. Ela é uma e várias e varia - mais que a lua -.

Sou muito confuso e tenho uma mente aberta.  Por mais surpreendente que seja, isso exclui. Sou o cérebro, a alma ou o corpo?  Sou o material,  o psicológico ou astral?  Sou todos.  E outros mais.  Sou o caos e a perfeita harmonia. O universo,  todas as suas constelações e ao mesmo tempo, poeira estelar. "Não sou eu nem sou o outro" sou qualquer coisa de intermédio?

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Debora II

Por favor. Estou louca.  Me ajude.

Paula: Desculpa.. acho q estou ficando louca... so tenho vc p falar sobre isso
Paula: Entretanto,  me diz se te incomoda no momento
Paula: Falar sobre a Debora
Gaya: Eu me sinto mal falando sobre ela
Gaya: Desculpa
Gaya: Eu já até fico de coração apertado
Paula: Tudo bem
Paula: Eu entendo
Paula: Completamente (ou qase)
Paula: Obrigada
Gaya: □
Paula: Mesmo
Paula: □
Gaya: Não fiz absolutamente nada
Paula: Não importa
Gaya: Desculpa mesmo
Gaya: Eu sou muito fraca
Gaya: Não aguento nada
Gaya: Nada mais Paula
Gaya: Meu coração tá tipo muito fodido
Gaya: Eu estou muito confusa
Gaya: Estou tentando superar
Gaya: Qualquer coisa me deixa pra baixo
Paula: Eu entendo, Gaya. Não precisa se desculpar.  É sério!
Paula: A Debora era uma coisinha mt preciosa p mim. A amo d+. Td sobre ela m dxa ansiosa.  É como uma irmã mais nova ( a pesar de ser mais velha)
Paula: Se ela tem um efeito tão devastador sobre mim. Imagino sobre vc
Paula: Q sem dúvida, enfrentou infinitamente mais por ela
Paula: Não se desculpa
Paula: Rlx
Paula: (Sem contar q vc ja é um serzinho ansioso)
Gaya: Eu também a amo
Gaya: Amo mais que qualquer coisa
Gaya: Ela era minha família
Gaya: E eu faria tudo novamente por ela
Gaya: Sem pensar
Gaya: Porém
Gaya: Eu não posso mais fazer nada
Gaya: Infelizmente
Gaya: E td vez que alguém fala nela me da um aperto
Gaya: Um medo
Gaya:E eu prefiro abafar
Gaya: □
Paula: Entendo.
Paula: Desculpa
Gaya Relaxa Paula
Gaya: Tá tudo bem...
Gaya: Eu espero que vc consiga resolver isso q ta acontecendo
Gaya: Mais uma vez perdão por não poder
Gaya: Tudo de bom □
Paula: P vc tmbm□
Paula: Acho q ja entendi
Paula: Eu so tinha ficado em choque
Paula: Boa noite
Paula: □

Gaya: Boa noite □

quarta-feira, 20 de abril de 2016

Reelevo, surpresa desagradavel d'alma

Não não estou bem. Estou com medo de cair.  Não sou uma pessoa fácil de lidar. Vocês sabem e não sabem disso. As vezes,  os remédios fazem falta. Eles me impediam cair, pois, mantinham -me sempre no fundo. Não era tão ruim. Evitava essas desagradaveis surpresas. Às vezes, odeio o reelevo da minha alma.

Uma rosa às palavras estranguladas ao pôr do sol

Resolveu, em seu mais profundo abismo, montar um cenário de sol. É complicado. Nunca fora assim. É difícil ser sorriso de praia ao meio dia quando a areia da gastura em seus pés e você tem problemas com a claridade. Só queria vomitar mais aquele dia vivido.As palavras se perderam em suas mãos e ela as estrangulou. Não sangraram, mas calaram e finalmente,  morreram.Agora ela finalmente poderia montar seu cenário de sol e... rosas.

Como poderia

Atende ao namorado e diz "amor, apaixonei -me por outro homem!" Como poderia?  Ate ontem dissera que o amava ao despedirem -se! Como pode, em menos de 24 horas, amar outro homem? Esse amor superava o que tinha para com ele? Estava disposta a acabar com o vosso, que já durava mais de 364 dias? Aquilo sem dúvida era brincadeira de mau gosto ou pesadelo.

"Ele diz coisas, é suave e profundo. Tem que ver como consegue falar de profundidades como quem flutua sobre as palavras. É pratico, entende exatamente o que sinto, e diz tudo com a simplicidade de poucas expressões. É experiente e diz muito que ainda não sei. Ensina -me de forma cativante, apaixonante. E desprendido, livre,  sua habilidade em me dizer as coisas me dá certo frescor e leveza. Vontade de ser como uma pluma, voar e dançar com as palavras, como ele."

A mente dele, o namorado,  borbulhava de tal forma, a fazê -lo silenciar. Amava aquela mulher sabia que era recíproco. O que estava acontecendo?  "Amor, já leu Caio Fernando Abreu?"

Entre o teto e o chão

Da dor de estômago e das mesas empoeiradas de gordura, ressaca ou ódio,  onde os bêbados se faziam em máscaras e sonhos  e ele consolava sua dor de cabeças era o fim do maldito arco -íris de abelhas que não voam "não há ninguém entre o teto e o chão".

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Perdoa! insônia...

Apenas estou parado aqui, e minha capacidade de distração, cada vez maior, me irrita, me enoja. Principalmente,  à medida que penso que isso e consequência do lugar onde estou vivendo. O odeio. Odeio suas marcas em mim. Então,  o nojo é produto do meio, assim como eu atual estado. 

Penso muito e em nada o tempo todo. Antes a dispersão fosse útil. Então hoje,  decidi que vou reencontrar -me.  Não importa quanto custe. Não suporto mais horas desperdiçadas em minha cabeça,  produzindo um enorme oceano de nada. Não suporto mais a falta da insônia, antes tão companheira, hoje gsta dozinha as madrugadas, sem minha companhia. Não sei o que fiz. Irritei -a. Perdoa! O sono não me serve como tu. É o tipo de presença cansativa e carente, tira -nos a energia e o vigor, um autêntico "ciclete", é demasiado carente.

domingo, 17 de abril de 2016

Aos 70°, margaridas na janela

Era um bosque. A menina observava uma árvore. Centenária. Suas raízes altas, a cima da terra . Tronco, ao qual seria necessário,  cinco pessoas para abraçar. Extremamente alta.  Imaginava o que poderia ver. Lá de cima. A casa de Mario, o apartamento de Celine, o salão de beleza do pai de Isabel, a loja de brinquedos da mãe, a lanchonete do amigo daquele homem franzino, o mendigo desacordado de fome na frente dela, a menininha que remexia o lixo , o filhote de gato que encontrou lá,  a desconhecida asiática a espiar pela janela a sala do garoto ruivo que fazia bolhas de sabão, no térreo,  a mulher que briga com a criança por ter dado seu almoço ao mendigo da lanchonete e o bife à criança do gato do lixo. A mulher apressada, engravatada. O espetáculo,  o crepúsculo. O vento que esta velha árvore agraciava com sua beleza incansável. Sua copa via aquelas cenas. O filme inesgotável. A garota já se havia ido. Voltara ao apartamento cinzento, com margaridas na janela.

sábado, 16 de abril de 2016

Ameixa

"Você vai me beijar e eu vou me entregar, é a vontade das estrelas!" Minha rainha. Eu que doei -me, sem resistência, a alma, ela a engoliu em forma de molhado e fingiu que era apenas isso. Fui sua escrava aquela noites e as outras também. Deliciamo -nos com nossos corpos, gostos,  manias e sabores. O verão acabou. Sempre nos amaremos, nas lembranças,  estaremos nos amando.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Cacos aos fragalhos e cola quente

Eu amo. E meu amor é mais forte que a realidade de minhas alucinações. É maior que minhas sensações, tão loucas e desprezíveis. Você é o que me faz ser mais forte que as palavras que tanto odeio.

Então, feriu a alma, outrora minha, que não mais me pertence. Dei -a a você. Feriu -me o vazio e mesmo meu corpo, sentiu dor. "Perdão".

Amor, em minhas cartas, eu disse, era incrível, como tinha meu manual de instruções?  Nele há apenas uma coordenada. Confiança. Eu me senti em fragalhos. Nunca enviei as cartas. Como você saberia?

Eu fui contra mim, e me entreguei a você. Eu sei que talvez, não tenha visto. Me doei mas ainda sou o mesmo ser em conserva. Entretanto,isso foi como se me virasse as costas.

Eu te amo. Isso vai juntar os cacos e vamos colá -los, um a um. Eu te amo. Não consigo pensar no meu nome, sem o seu. Não posso imaginar um mundo que faça planos, para um.

Não entendo suas dúvidas. Eu tento. Vou tentar mais. Contudo, eu quero certezas, preciso delas, tento dá -las a você. Entretanto, entendi que tantas palavras mesmas, marteladas devem ter dado tontura. Eu só quis enfatizar sua liberdade. Peço desculpas por isso e por ter te feito pedir perdão.

Eu te amo.

sábado, 2 de abril de 2016

Café, chocolate e um deus tirando fotos

As estrelas estavam todas mergulhadas em nosso mundo. o céu parecia empoeirado de divindades. Até surgiu a luz de um raio. Como um flash. Era deus tirando uma foto para não esquecer a beleza daquela noite. Eu estava com sono. Era escuro e estava fresco. Fiz café. Coloquei meu jazz, e tomei -o com chocolate sob o espetáculo estelar. Para onde todos os passarinhos vão à noite? O café detinha em sua composição química minha vontade de apreciar a noite até o fim e o prazer do chocolate. Dormi ao relento. Farei de novo isso. Isso, de aparecer nas fotos de deus.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Quatro chamadas perdidas

Odiou cada póro de seu corpo. Cada átomo gritava o esgotamento da rotina incansável de palavras mesmas de sentidos que inexistem, cada dúvida e rebelião. Odiou as quatro chamadas perdidas. Todos os dias se doava por aquilo. Era essa a razão de sua crescente ansiendade.

Sim. Já perdera mais chamadas daquele amor. Sim. Sempre insuportáveis. Da mesma forma? Não importa. Tentava distrair -se agora, concentrando -se em sua dor de cabeça ou fome.

Odiava cada partícula de luz refletida do astro rei por aquele satélite minúsculo. odiava com todo o vazio do peito e nó da garganta. Odiou a realidade e a ficção do livro que lia, do social que usava. Odiou sua maquiagem, medo e sapatos. Odiou as quatro chamadas perdidas.

Mudar de ideia

Ele não a comeria nesta noite. Contudo, não mais importava -se com isso. Ele tinha trabalho a terminar, era concentrado. Sim, era irritante,  mas agora, não era importante. Enquanto ele resolvia -se em sua escrivaninha, ela masturbava -se na cama. Isso era importante.

Estava tão molhada. Amava tanto aquele homem, a poucos centímetros de distância,  tão longe. Agora, gemia alto, perto, mas não o suficiente de um orgasmo.

Levantou -se com alguma violência da cadeira. Talvez zangado, os gemidos deviam atrapalhar.  Broxante. Voltou a concentração aos próprios seios. Os mamilos tão duros.

Entrou violentamente no quarto, apoiou -se sobre os braços, ao pé da cama. Visão privilegiada. Não sabia se estava zangado, mas quase inexpressivo,  mantinha apenas um olhar feroz. Raiva ou tesão? Não importou -se. Ao menos agora, tinha atenção.  Imaginou que fosse tesão, enquanto ele, apenas a observava, imóvel.

Levantou -se por cima das pernas, pôs -se de joelhos,  ainda a masturbar -se, com a mão livre, segurou seu queixo, beijou -o com força e ardor encostou -o por inteiro em si, enterrou os dedos em seus cabelos. Ele reagiu, finalmente, como que acordado de um transe profundo. Agarrou -a com força com um braço, e com a mão livre, percorreu seu corpo. Deitou -a na cama. Ele também a amava. Amaram -se.

domingo, 27 de março de 2016

Velhos e manias armadas

Estava um girassol apontando para sua estrela perto da morte. O velho da cadeira de balanço via tudo em vermelho agora. Pedira água à funcionária. Entretanto, neste mesmo instante, outro empregado descobria morte de outro internado. O velho da janela. Desde sua chegada ao asilo, apaixonara-se por ela. Namorava -a horas a fio com a caduquice e magia esperadas de um velho amante supersticioso. Morrera amando -a. A janela dava para um beco imundo. E o velho da cadeira com sede.

sábado, 26 de março de 2016

Sol e garrafas de vidro

Era a doce Brida, da irmã mais nova, a que morrera no parto. Talvez, tivera pressentido o mundo à sua volta e resolvera não dar o ar da graça. Ela veio, sentira à volta, o mundo e, sorrira, doce.

E no vazio da solidão, era lágrimas. Começou a guarda -las. Chorava em garrafas de vidro. De dia, colecionavam seus sorrisos.

Acabaram -se as garrafas. Esvaziou -as todas numa banheira.
Afogou -se.

sexta-feira, 25 de março de 2016

Colméias sem ferrões

Mortos são como aviões. Pensamentos que não são bons o suficiente. É uma liberdade o isso. Horas infindáveis no cemitério. Colméias sem ferrões. Não diga qual é meu problema. Não suporto mais saber meu problema. Faça-me perder altitude. Apenas mais uma moeda. O fim é o começo. Comecei pelo fim. Jamais existiram todos esses sorrisos. Morremos mais uma vez. Morte azul. O conhecimento nos manteve. Eu e deus somos parentes.