As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Pão ao mundo

Ao mundo
aquela pede beleza
aquele espera compreensão
E a senhora?
Um pedaço de pão

Sentido liberdade à liberdade sem sentido

Andei pelas ruas
gentes definindo a liberdade.
E  cada um definia à sua forma.

E acharam sentido universal?
Acordei do pesadelo
e a realidade é quase utopia
não fosse tão real

A liberdade libertou -se
e é livre de sentido.

E explode?

O que quer que eu diga? As primeiras palavras que me veem à mente são sempre verdades. É inevitável. A culpa não é minha se você não desenvolveu tolerância a mim, à minha verdade, à sua nova realidade.
A culpa não é minha, nem cabe a mim o perdão, mas, a autorização. Sim, autorizo seu sumiço, sua explosão.

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Nuvens nas preliminares

"Vai chover, só não sabemos quando." Ele disse logo após ocorrer -me o mesmo pensamento, à pesar do céu claro e de poucas nuvens.
Era um dos poucos momentos em que dava para esquecer que tinha nojo dele, quando dizia do tempo ou eu lembrava o quanto desenhava.
E na tarde do terceiro dia de espera, o tempo fechou. Era o início de Agosto, Julho fora poeirento. E o vento, como que ofendido, ameaçava -nos. Frio, forte. Quase um corpo palpável de carne e ossos. E não choveu.
O tempo estava como que deliciando -se nas preliminares. Adiando o gozo.
O dia seguinte amanheceu um tanto mais abafado. O vento já nos perdoara e agora era quente. Como um amante, exitou -nos à fúria e agora, mais romântico, prosseguia calmo e caloroso.
A penetração deu -se com uma pequena garoa, ainda de manhãzinha. O orgasmo da tempestade deve esperar. Eu nem o tempo queremos pressa

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Pronúncia

Abraços. Sensação de que estou perdendo minha juventude a troco de nada. Não quero falar. Quero sentir, correr a noite, acordar ainda muito louca, me perder num minúsculo lsd por horas, criar, correr, riscos, riscar, rabiscar. E tudo sem pronunciar uma explicação sequer, nenhuma saudação ou adeus, sem ter que dizer essa minha voz tão devastada.
Descobri que está nos genes esse negócio de desaparecer. Só dói quando respiro. Arranquei meus olhos do espelho. Isso faz com que odeie o próprio dia e envenene a semana inteira. Odeio quem sou, tudo que não sou e as indefinições.
Universo da minha destruição, cansado do mundo e enterrado em algum lugar onde não se pode cavar. "Você está ensopado de sol" Antes disso, eu já havia transado com a morte. Sou um peixe e preciso de um bote. "Quero me lambuzar de novo".

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Humidade

A poluição era a droga combinada com alguma infelicidade matinal. E o suicídio fora substituído pela vontade de comer hortaliças.
Então foi ao parque como em todo domingo abafado e de núvens. Olhou o relógio. O número de graus que fazia e o da casa amarela da esquina. Mentiu mais uma vez sobre a vida.
Comprou uma rosa. E um balão de gás hélio. E foi a casa dela. E o sangue empapava o carpete cinza. E voltou. E amarrou o balão na porta. E comeu a rosa como de costume. Detestava humidade.

E não quero mais amar

E não quero mais amar
Comer
Dormir
Ouvir
E pulsar
E esqentar
Agora eu só vou
Escutar
Mastigar
Degustar
Foder
Correr
Bater
Fugir?
Desaparecer!
Não vou morrer
Nem me deter
Nem descansar um cansaço que de tão incansável é o que inexiste. É um verbo e verbo não se cansa.
E eu não sou verbo e sou indefinido e não sou sujeito e nem característica.
Não sou eu nem o outro nem pilar nem ponte ou tédio.
Nem sou verbo, cor, ideia ou ar.
E sou o que ama
Come
Dorme
Ouve
Pulsa
Esqenta
e dói
e corrói
e fecha os olhos
e não chora porquê não sabe.
e eu não sei
e não sei se sei amar
e eu não quero mais amar
e
importar
doer
morrer
viver
derreter
apagar
morder
perder
esquecer
lembrar
corroer
e ser roído
porque dói
E eu?
E eu que sou apenas uma moça qualquer
Qualquer que não é nobre
ou moral
ou viva
ou bela
otimista
ensolarada
ou bronzeada,
penas encarniçada
Eu, abdico
E eu que sou eu
E sou fraca
e que não resiste
ao amor
ao
seu
amor
Eu,
abdico
do verbo que não sou e das características que jamais serei e do sujeito indefinido e das rochas e pilares e vulcões e constelações.
Eu só quero
e um eu
que saiba chorar
um pote de sorvete
no jantar
E
Não
Quero
Mais
Amar
!