As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

E não quero mais amar

E não quero mais amar
Comer
Dormir
Ouvir
E pulsar
E esqentar
Agora eu só vou
Escutar
Mastigar
Degustar
Foder
Correr
Bater
Fugir?
Desaparecer!
Não vou morrer
Nem me deter
Nem descansar um cansaço que de tão incansável é o que inexiste. É um verbo e verbo não se cansa.
E eu não sou verbo e sou indefinido e não sou sujeito e nem característica.
Não sou eu nem o outro nem pilar nem ponte ou tédio.
Nem sou verbo, cor, ideia ou ar.
E sou o que ama
Come
Dorme
Ouve
Pulsa
Esqenta
e dói
e corrói
e fecha os olhos
e não chora porquê não sabe.
e eu não sei
e não sei se sei amar
e eu não quero mais amar
e
importar
doer
morrer
viver
derreter
apagar
morder
perder
esquecer
lembrar
corroer
e ser roído
porque dói
E eu?
E eu que sou apenas uma moça qualquer
Qualquer que não é nobre
ou moral
ou viva
ou bela
otimista
ensolarada
ou bronzeada,
penas encarniçada
Eu, abdico
E eu que sou eu
E sou fraca
e que não resiste
ao amor
ao
seu
amor
Eu,
abdico
do verbo que não sou e das características que jamais serei e do sujeito indefinido e das rochas e pilares e vulcões e constelações.
Eu só quero
e um eu
que saiba chorar
um pote de sorvete
no jantar
E
Não
Quero
Mais
Amar
!

Nenhum comentário:

Postar um comentário