As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

sábado, 8 de setembro de 2018

Sopa e vinho

Vi meus olhos antes de cair no poço. Não eram diferentes. Ninguém disse por qual motivo deveriam ser. "Há um muro de Berlim, dentro de mim", justificariam-me em algum momento de 1989. "Alivio Imediato".
O poço muda de lugar a cada semana e talvez a trajetória nossa não seja contínua. Não que me falte água potável ou a entediante queda de Alice. Provavelmente entre ele e o poço não existe diferença, ou que ele seja o poço que o encara e não vê diferença nos olhos do encarado para os olhos do espelho.
Existem vermes na pia da minha cozinha. Eu fiz, convoquei, alimentei, esqueci e agora, não sei o que fazer com eles. "Vi uma série em que deus chegou ao mesmo ponto e encontrou a solução de ir para o bar", disse a menina que não usa sapatos vermelhos.


sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Fôlego

Existe um tempo. Esse tempo está preso, como na fotografia, com a diferença que ele está vivo, flui, em suas dimensões normais, não em 2d, mas, também não em um folego todo. Esse tempo é. Como o respirar, sem e com o ato. Quase como uma intenção, sendo, contudo, toda a ação perfeita (infinita), que já nasceu em mim, antes que soubéssemos abrir os olhos.
O tempo está preso em si. Sem cárcere. Fora do alcance de todos. fazendo-nos fantasiar sermos seus reféns. Não somos sua areia.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

A viagem de trem

Sinceramente, odeio quando postam comentários anônimos. Não sei o que está, você, querendo dizer com indiretas e eles não aparecem para meu publico.
Estava em distração, olhando para um guarda-chuva num trem.
Talvez fosse estonteante a névoa de charutos, ou a grande insistência alheia em obrigar-me em ser vanguardista, uma pessoa moderna, como todos os nascidos, adivinhemos só, no mesmo dia, do mesmo ano que eu. Contudo, só eles fazem parte do clube e, só eles podem vestir roupas combinando não entendo de moda.
Reparava-se, do outro lado do vidro, que chovia, no mundo e aqui dentro, havia fumaça. Ambos os lados fediam a poeira, cada um a sua maneira. Havia uma menina no cenário. Ela não usava sapatos vermelhos. Havia esse marrom engordurado, com gosto de vazio por la.
Não havia fitas no teto. Era tudo, cheiro de fumaça, visão de molhado, em movimento, molhando, não havia sotaque alemão. Apenas marrom amarelado, poeira, enjoo, movimento contínuo e burburinhado e um cheiro dolorido. Todos enlatados por dentro e o mundo enlatado do lado de fora.