As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Ralo

Escondi por um tempo e você não sabe como essa angústia pesa. Você ri da minha cara como se não fosse nada. Sou nada para você. Minha filha diz um bem estar e um estar bem silencioso (inexistente). Não há diálogo então,  eu finjo que o nada é material.
Tudo está em ordem dentro de um buraco negro acho que estou pronta para deixá-lo ficar sob minha pele e derramar -me no ralo da pia da cozinha.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Pela noite

O que preciso, exatamente agora, são palavras que descrevam, digam -me exatamente o meu estado e como reagir. Isso deve vir de em mim.
Diga -me que "eu entendo essa necessidade de mudança,  entendo esse sua certeza diante da banalidade dos propósitos e do mundo. Isso poderia vir de você.
A luz que eu sigo, viria do festival da lua cheia e talvez, eu a acompanhe rio abaixo.
Porque preciso de noite. Velas. Lagrimas. Pingos reluzentes, são olhos! Olhos que brilham pelo fogo, lágrimas, beleza, pela noite.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Papilas

Essas cicatrizes são qualquer coisa de intermédio. Entendo o cosmos. Não o culpo. Não me revolto. Lembro daquela vez que senti o gosto pastoso de um cor -de -rosa bebê na ponta do lado esquerdo da língua. Meio azedo, meio pungente, mas a cor é tão recorrente quanto o cheiro daquela textura.
Ele não contou que poderíamos nos ver antes. Eu estuprei sua rotina. Vou guardar cada montanha de suor em meu calabouço.
Os arranha céus vão furar seus olhos.
A lua caiu em minhas papilas! Assim como seu sexo. Juízo. Dissolução. Devorada.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

A gordura que não me amo

Talvez, nunca tenha sentido -me pior comigo.
Nunca me senti tão gorda, flácida, travada. E olha! Fiz 16 semana passada.
Sei que não estou enorme, entretanto, sinto -me obesa para meu tipo corporal e histórico esbelto. Perguntaram - me se acaso o meu tipo (como gosto de chamar, Marylin Monroe) fosse pregado pela mídia... e o fim da frase, já batida, cliché, vocês sabem. Não,  eu não tentaria me mudar. Estaria bem feliz, acomodada e exibida.
Até o namorado, logicamente,  gostaria mais de mim, de sair comigo. Ele não cobra nada (diretamente) às vezes, sinto -me culpada. Ele é lindo, definido, arranca olhares e suspiros por onde passa. Não preciso mentir. Já pensei em terminar por isso, por frequentemente, sentir -me imprópria. Sentir que ele merece alguém melhor, mais esforçada.
Comecei uma dieta, mas não tenho tempo para o exercício físico. Era magra, de forma que os nove quilos excedentes não se fazem notáveis, mesmo pelo hábito de não vestir nada rente ao corpo. Minhas amigas ainda me acham magra, "chapada", mas sei que não estou, e isso,  não posso esconder dele, que me vê despida.
Dói não ser o suficiente. Dói que ele não entenda que suas "brincadeiras saudáveis", mesmo que eu grite, não são saudáveis. Dói que eu não me ame como antes.
Maçã apodrecida.