As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Um gole de Lucelle e música

  Vamos colocar uma casa e uma flor que quando brota, vira um cavalo. Temos o cenário perfeito para as plantas que comem chumbo e os professores que se alimentam de sol e as mangas, de música.
   Ele simplesmente comia moças. Fodia -as e depois transformava -as em arte - culinária e visual - .
    As vezes,  as punha em exposição.  Certa vez, fora pego pelos investigadores "Lucelle! Foi uma das mais deliciosas obras cheguei mesmo a engolir partes daquela carne de deusa ainda pulsante, enquanto ela observava como pretendia arranjar seus órgãos internos menos vitais numa escultura. Belíssima. Gritava orgasmicamente de dor e horror. Ainda a possuí desta forma! ". Como demoraram para encontra -lo! Mostrou -se como qualquer normal. Normal qualquer. Isso acontecia com certa frequência.  Parecia que realmente repugnava -lhe a ideia de suas obras. Não seria dessa vez que receberia os cumprimentos de reconhecimento.
     

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Um inúmero

   Olhava pela janela. Nunca pensava no sorriso que sentia. Via o sangue e imaginava se fosse real. Aquilo doera na alma.
   Não quero pensar no conhecido autor de estilo marcado. É bom, todos sabem de quem é o livro sem lerem seu nome. "Eu só quero dormir! "
    Ela via o vestido de joaninha que usava aos seus quatro anos. Pensava naquilo durante suas alucinações. Seus desmaios. Seus porres.
    Aquele corte em seu tornozelo..Não era real. "Oh não!  O gato!" "Me sinto bem mais em casa longe de lá". Sempre pensou nisso.  Mas a verdade é que nunca soube onde era sua casa.

Perdido

  "Nunca foram tão bons quanto o Espontâneo" esqueci -me da frase perfeita.  O autor estava perdido. "Á morte aos personagens! "
   São todos meio irmãos. . Meio -irmãos. . E o sangue virou fogos. E tudo se fundia no céu azul piscina.
    E tudo ia e voltava. E azul era a cor dos loucos. Dos que são loucos ou estão loucos?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Coxas

    Eu o vi sugando para dentro de sí meu  líquido quente. Eu o observei e o senti. Até sermos um só. Afinal, ele estava comendo meu sangue, me comendo. Se enfiou dentro de mim e chupou meu vermelho vital. Eramos íntimos.
   Toda essa proximidade me fez adivinha -lo, hipnotiza -lo, mata -lo com serenidade e delícia de sentir o líquido, agora nosso, lambuzando -me as coxas. Matei um pernilongo!

sábado, 12 de dezembro de 2015

Tingir de vermelho

Rosas inexistentes
Fechou os olhos
A lua gritou
O poço não estava coberto
Não tinha rosas azuis
Ela disse algo
Boa noite
E as rosas
Tingiram -se de vermelho

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

O parasita

  - Preciso matar. - Pensou. Precisaava do medo nos olhos alheios. Estava cansada do tratamento que recebia e era obrigada a acatar.
   Tinha a sorte que sempre que precisava de "um ombro amigo" ele não estava disponível.  - Assim é melhor. Não tenho de me arrepender depois de ter contado minha vida a alguém . A verdade é que nem existia tanta gente assim para confiar sua realidade. Injusta. Ela sempre era o ombro amigo de todos.
   Então,  um dia, enfiou a mão na garganta, levando -a até o buraco onde a crueldade a consumia. De lá tirou aquele parasita. Assemelhava -se a uma piranha, sorrindo, coberta de sangue.
   Sentiu que o buraco ardia. Era melhor assim. Mordeu o parasita. Comeu -o assim mesmo, cru, recheado com sua própria carne. Como ele o fazia

Engolindo arte

  Muito a dizer. Pouco a falar.  Calava -se.  Sempre que desatava a contar,  pouco dizia e muito falava.
  Guardava os ditos para sí, apenas. Não lançaria aos porcos, pérolas.  Em sua preferência tinha passar -se por superficial, comum.
  Sabia que seu destino era só.  Não queria acatá -lo. O banal tem companhia.  Mas ela não era, e mesmo acompanhada,  era sozinha. Mesmo sua superfície era profunda.
  Drogas, sexo? Não se esquecia do vazio. Bêbada ou de ressaca, em alucinações ou abstinência.
  Distraía -se dele, porém,  durante os minutos que duravam um teatro, uma orquestra, uma ópera, um sarau, um show, uma música, um filme, um musical, um livro, uma poesia, uma pintura, uma foto, uma imagem, um pássaro a voar, um bêbado a chorar,  um cheiro que sorvia, uma bebida que degustava, uma comida que apreciava, uma dança que sentia, a arte que engolia.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Pelo telefone

  Tivera uma conversa com o filho naquela semana pelo telefone. Notara suas lágrimas. Sim era uma pena. Mas não deveria mimá -lo. Era ainda um belo jovem que não descobrira ainda que toda sua vida é definida pela bolsa de valores. Temia por ele. Ainda tão ingênuo. precisava crescer.
  Tivera uma conversa com a mãe naquela semana pelo telefone. Notara sua voz. Carregada e decepcionada. Sim era uma pena. Mas não deveria iludi -la. Era ainda uma bela e jovem mãe que ainda não descobriu todas as alegrias e desgraças do ofício. Temia por ela. Ainda tão frágil. precisava amadurecer

A avó

  Sentou -se. Sufocou -se. Engasgou -se. Palavras não ditas. Observou as cortinas da janela da cozinha. Eram quase a definição da dona. Apertou com mais força a cadeira.  Lágrimas brotavam. Não sabia mais quem era. Perdera a identidade naquele caixão. O vazio do orgulho pressionava seu ser. Cruel. Dizer amor ao cadáver teve gosto de nada e lágrimas. Sempre amei esta mulher.  "Sempre amei esta mulher! " berrou. Caiu de joelhos no chão da cozinha. Onde a encontrara. O cheiro da avó ainda pela casa.

sábado, 5 de dezembro de 2015

Boa noite

Sentei -me a beira do infinito
Te vi chorar
Suas lágrimas
flutuavam
Tamanha pureza!
Viravam estrelas

Você virou minha lua
Quando se afogou naquele lago
Em busca do astro,
de sua luz

Ainda hoje
ilumina
Meu ser
entrevado
apaixonado
morto e sufocado
Com o " eu te amo"
que nunca disse.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Cloro

Acordou no meio da noite. Estranho. Detestável. nunca acordava no meio da noite. Ainda mais para beber água. inútil. Observou o cloro no líquido. imaginou aquilo como uma pedra em seus rins. Lembrou de quando inventou de comer cloro. Estava morando com outra família.  Eles não a deixaram comer naquele dia. Então,  como a criança inquieta que foi, mecheu na margarida da piscina. A pastilha parecia tão apetitosa e crocante.  - Nunca coma cloro - disse a qualquer um, imaginário.  Voltou para a cama. -Odeio cloro. Deixa gosto na água.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A mãe, a avó, a bisa

Eu gosto desse cheiro,  sabe? Da vontade de tirar a roupa e ir pra chuva. Da vontade de comer. A chuva, a terra.  Não sei. O cheiro.
Mais nova, eu tinha medo.  Agora, sinto paz e aconchego nesse caos. É acolhedor,  o caos.Eu já tive uma mãe. Mal falam dela. Não sei muito.  Mas sei o que me define. Ninguém mais sabe. Me pareço muito mais com ela do que o que dizem.
Nao sinto muito por priva -los dessa verdade. Vocês também me privam dela. Privam, privaram,  privarão, em nome do respeito a uma moralidade que julgam por direito,  sua. A moralidade da dor que inexiste. Palavras, fazem muito mais sentido depois que crescemos.  Deve ser o senso comum tingindo, nossa alma.