As ideias também fazem sexo.

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quarta-feira, 3 de maio de 2017

Piada

Quer que fuja? Berrava cada ladrilho da pia da cozinha à cada novo pensamento de abordagem a ser usado com ela. "Todos parecem zumbis às manhãs de segunda-feira." E ela sorriu. E então,  quem quer que fugisse, não era mais importante. E os ladrilhos sussurravam que ela gostou da sua piada e também não se importa com a cara de ressaca.

terça-feira, 2 de maio de 2017

Afastada das margens

Descobriu o que era. Uma árvore oca, no momento. Era assim que sentia agora. Esvaziada de objetivos, esvaziada de ser.
Vazio enrolado numa casca. E se sou vazio, e se tenho nada, nem objetivos nem estrada, nem paradeiro, nem parada nem eu, nem roupas.
Não sou significado nem sua posse. E tudo me cobra respostas e certezas e providências e provisões e previsões sem margem de erro, deslizes ou ponderação. E não tenho nem sou. Sou uma casca seca e oca.  E tenho sede e fome. E busco o conhecimento que mais me indecide, essa água pela qual grita meu exterior esturricado.
Não se pode comer livros. O conhecimento que busco não sei o que é, mas, já estou tão fundo em algum lugar dele que é inútil à vida prática. Inútil às faculdades e currículos.
E sou balão amarrado à casca como pedra no meio da gruta do lago azul. Não se sabe a profundidade da gruta! Não encontraram. Sou mesmo o balão?  A gruta é o conhecimento ou sou eu? O que é profundo e o que é só existência?  Eu a gruta ou o conhecimento?  O que é conhecimento?  O que sou eu além da casca? Casca só serve para ser âncora? É o nada uma primeira posse? Não estou fundo, apenas afastada das margens.