Descobriu o que era. Uma árvore oca, no momento. Era assim que sentia agora. Esvaziada de objetivos, esvaziada de ser.
Vazio enrolado numa casca. E se sou vazio, e se tenho nada, nem objetivos nem estrada, nem paradeiro, nem parada nem eu, nem roupas.
Não sou significado nem sua posse. E tudo me cobra respostas e certezas e providências e provisões e previsões sem margem de erro, deslizes ou ponderação. E não tenho nem sou. Sou uma casca seca e oca. E tenho sede e fome. E busco o conhecimento que mais me indecide, essa água pela qual grita meu exterior esturricado.
Não se pode comer livros. O conhecimento que busco não sei o que é, mas, já estou tão fundo em algum lugar dele que é inútil à vida prática. Inútil às faculdades e currículos.
E sou balão amarrado à casca como pedra no meio da gruta do lago azul. Não se sabe a profundidade da gruta! Não encontraram. Sou mesmo o balão? A gruta é o conhecimento ou sou eu? O que é profundo e o que é só existência? Eu a gruta ou o conhecimento? O que é conhecimento? O que sou eu além da casca? Casca só serve para ser âncora? É o nada uma primeira posse? Não estou fundo, apenas afastada das margens.
As ideias também fazem sexo.
terça-feira, 2 de maio de 2017
Afastada das margens
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