Era um bosque. A menina observava uma árvore. Centenária. Suas raízes altas, a cima da terra . Tronco, ao qual seria necessário, cinco pessoas para abraçar. Extremamente alta. Imaginava o que poderia ver. Lá de cima. A casa de Mario, o apartamento de Celine, o salão de beleza do pai de Isabel, a loja de brinquedos da mãe, a lanchonete do amigo daquele homem franzino, o mendigo desacordado de fome na frente dela, a menininha que remexia o lixo , o filhote de gato que encontrou lá, a desconhecida asiática a espiar pela janela a sala do garoto ruivo que fazia bolhas de sabão, no térreo, a mulher que briga com a criança por ter dado seu almoço ao mendigo da lanchonete e o bife à criança do gato do lixo. A mulher apressada, engravatada. O espetáculo, o crepúsculo. O vento que esta velha árvore agraciava com sua beleza incansável. Sua copa via aquelas cenas. O filme inesgotável. A garota já se havia ido. Voltara ao apartamento cinzento, com margaridas na janela.
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