" É um belo dia". Ele dizia, e as palavras de sua voz pareciam -lhe estranhas e amigas. Como se o som tivesse personalidade própria e um velho amigo velho estivesse a sussurrar " É um belo dia."
Tinha razão. O céu cinza e carregado, quase tão cinza quanto seus olhos e cabelos. Nada mais carregados que sua alma. O vento frio soprava forte, invencível. Ele amava todas aquelas manhãs. Faziam -lo querer a vida assim, como elas. Tiravam -no da cama antes do tempo, apenas para respirar.
Aquele céu maravilhoso deixava suas flores mais coloridas. "... belo dia..." e num instante, lembrou -se que era quase tão velho quanto sua voz.
Sim, amigo! Venha, vou levar -te para ver as crianças que brincam coloridas em meio ao cinza do entulho. "São quase como flores. Olhe, amigo, aquela flor vermelha brinca em meio a vida poluída já que ainda não cresceu. A mãe diz que está suja de lama, mas nós sabemos, a lama a faz pura."
Dias como aquele faziam noites agradáveis. Era uma pena estar de volta à casa. Tirou os sapatos. Abriu a porta. Entrou. Sentiu algo líquido e pegajuso entre os dedos do pé. Uma pena não poder adiar a faxina ppr mais uma noite. Todos os dias estavam sendo agradáveis, mas todo aquele sangue começava a feder.
As ideias também fazem sexo.
domingo, 19 de junho de 2016
Líquido e pegajoso
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