As ideias também fazem sexo.

As ideias também fazem sexo.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Ele sabe?

Ficávamos todos ansiosos e amedrontados com sua chegada. Ele era o pai, a temida figura do homem, machista, senhor da casa, o provedor, protetor, matador,  herói,  castigador.

Quando sabíamos que viria almoçar conosco, perguntávamos à mãe várias vezes ao minuto se ele realmente viria.

Queríamos nosso herói à mesa. Temíamos a presença da castigador.

Se ele viesse, por exemplo,  ao meio dia,  desde as onze, começaríamos a nos comportar e acobertar nossos rastros.

Eram sentimentos controversos. Viciante,  nauseante.  Nos o admirávamos, o temíamos. Maquiavel, o diria agraciado, era temido e amado.

Hoje, o amamos e tememos a distância. Ele sabe. Ele sabe? Não sabemos. É um senhor pacato, esquecido, amado. Quem já disse isso a ele? Provavelmente,  a mesma pessoa que ele disse amar. Morrerá sem saber? Quem disse "papai eu te amo"? "Querido, eu te amo"? "Filho, eu te amo"?

Nenhum comentário:

Postar um comentário