Ficávamos todos ansiosos e amedrontados com sua chegada. Ele era o pai, a temida figura do homem, machista, senhor da casa, o provedor, protetor, matador, herói, castigador.
Quando sabíamos que viria almoçar conosco, perguntávamos à mãe várias vezes ao minuto se ele realmente viria.
Queríamos nosso herói à mesa. Temíamos a presença da castigador.
Se ele viesse, por exemplo, ao meio dia, desde as onze, começaríamos a nos comportar e acobertar nossos rastros.
Eram sentimentos controversos. Viciante, nauseante. Nos o admirávamos, o temíamos. Maquiavel, o diria agraciado, era temido e amado.
Hoje, o amamos e tememos a distância. Ele sabe. Ele sabe? Não sabemos. É um senhor pacato, esquecido, amado. Quem já disse isso a ele? Provavelmente, a mesma pessoa que ele disse amar. Morrerá sem saber? Quem disse "papai eu te amo"? "Querido, eu te amo"? "Filho, eu te amo"?
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