Trabalhava com mágica quando (re)conheceu-me. Já havia escutado meus batimentos antes que eu me soubesse viva. Naquela noite renunciou a si. Como renunciara ao circo quando viu mamãe. Como quase renunciara aos seus batimentos quando ela parou de pulsar. Ela que possuía átomos pulsantes como o sol, brilhantes como ninguém.
Chegou do funeral e referia-se a si em terceira pessoa. Seu pai fora vários e agora, ela era duas. Era a carcaça, estática, negativa em negação, estátua de bronze. E a flutuante ao lado, enfurecida com cada fonema hipócrita do "Ele-era-boa-pessoa-sinto-muito-vai-passar.", Furacão explosivo.
Somos nós que sentimos.
Não vai passar
.
Ele passou
.
Já passou
.
De que importa ter sido bom? Que foi ser bom? Ele não foi bom para que tivessem o que dizer em seu velório. A mim não faz diferença.
Na mesa de vidro a cartola. Embaixo dela o gato. Deitou-se ao lado dele. Senti o corpo leve. Depois formigamento. Formigas leves. E X A U R I D A . Dormirei aqui. Leve (de novo) vertigem. Abri os olhos que são meus. Talvez fosse mesmo mal-estar. NÃO! eu estava sendo abduzida pela luz; de uma cartola. Como num disco voador. Nunca fui abduzida por um deles, mas, uma vaca me contou uma vez como foi com ela.
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